COE entenda a armadilha!
16 de outubro de 2024
O que é e como funciona um COE
O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um tipo de investimento que mistura características de renda fixa e renda variável. Ele é emitido por bancos e oferece aos investidores a possibilidade de diversificar sua carteira de maneira relativamente acessível, apostando em diferentes ativos, como ouro, dólar, índices internacionais ou ações específicas. No entanto, o COE possui algumas particularidades que devem ser consideradas antes de investir.

O que é e como funciona um COE
O COE pode ser visto como uma "aposta" em que o investidor especula o comportamento de um determinado ativo por um período pré-estabelecido. Imagine que você decide investir em um COE relacionado ao preço do ouro ou índice de ações americanas. O resultado do investimento depende de uma série de condições específicas: se o ouro atingir determinado preço em uma data específica, você pode ganhar; caso contrário, pode acabar não tendo rendimento algum, ou até perder dinheiro. Essas operações são realizadas por meio de instrumentos financeiros como opções, que são direitos de comprar ou vender um ativo a um preço acordado no futuro.
Para um investidor que está muito bem informado sobre o mercado e acredita que um certo ativo vai atingir determinado valor em um período específico, o COE pode parecer uma alternativa interessante. Porém, para quem não tem esse conhecimento detalhado ou não se sente confortável em fazer apostas específicas, pode ser um tipo de investimento arriscado e potencialmente caro.
Tipos de COE
Os COEs podem ser divididos em diferentes tipos, dependendo da estrutura e dos ativos subjacentes envolvidos. Alguns dos principais tipos de COE incluem:
- COE de Capital Protegido: Nesse tipo de COE, o investidor tem a garantia de receber pelo menos o valor que investiu inicialmente, mesmo que a aposta não dê certo. Esse tipo é indicado para investidores mais conservadores, que desejam limitar os riscos.
- COE de Capital em Risco: Aqui, o investidor corre o risco de perder parte ou até a totalidade do valor investido, dependendo do desempenho do ativo subjacente. Em troca do maior risco, há a possibilidade de obter retornos maiores. Esse tipo de COE é mais adequado para investidores com maior tolerância ao risco.
- COE de Moedas: Esse COE permite que o investidor aposte no desempenho de moedas, como o dólar ou o euro, em relação ao real. Pode ser interessante para quem deseja se proteger de variações cambiais ou especular sobre a valorização de uma determinada moeda.
- COE de Índices de Ações: Esse tipo está atrelado ao desempenho de índices de ações, como o S&P 500 ou o Ibovespa. É uma forma de ter exposição ao mercado acionário internacional ou nacional sem precisar investir diretamente nos ativos.
- COE de Commodities: Permite que o investidor aposte no comportamento de commodities, como ouro, petróleo ou soja. Pode ser interessante para quem deseja diversificar a carteira com exposição a esses ativos.
Por que assessores gostam tanto de recomendar COEs?
Os COEs são populares entre bancos e assessores de investimento porque, para as instituições financeiras, funcionam como uma forma eficiente de captação de recursos. Assim como no caso de um Certificado de Depósito Bancário (CDB), o banco recebe o capital do investidor e pode usá-lo para financiar suas próprias operações, cobrando juros mais altos de outros clientes e remunerando o investidor com uma fração desse valor. Dessa forma, o banco ganha com o spread (a diferença entre o que ele cobra e o que paga), o que faz com que a emissão de COEs seja interessante para as instituições financeiras.
Além disso, os assessores financeiros geralmente recebem comissões por distribuir produtos financeiros, incluindo COEs. Isso os motiva a recomendar esse tipo de investimento, mesmo que ele não seja necessariamente o mais adequado para o perfil do investidor. Vale lembrar que os COEs não possuem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que significa que, em caso de problema com o banco emissor, o investidor pode acabar não recebendo nada.
Pontos importantes antes de investir em COEs
Antes de investir em um COE, é fundamental refletir sobre três aspectos principais:
- Você realmente quer fazer essa aposta? Pergunte-se se você está disposto a apostar na alta do dólar, na queda do ouro ou em uma tríplice alavancagem de uma commodity. Se essa aposta não faz parte da sua estratégia de investimento, o COE pode não ser a opção certa.
- Condições específicas do COE: Esse tipo de investimento tem um preço-alvo (strike) e um prazo definidos. Você acredita realmente que o ativo vai atingir aquele preço dentro do prazo estipulado? Se não tiver confiança no timing, você pode acabar errando e perder dinheiro.
- Há formas mais baratas de realizar essa operação? Em alguns casos, pode haver alternativas mais simples e menos onerosas para investir em um determinado ativo, como comprar diretamente ações ou ETFs, evitando as taxas embutidas nos COEs.
Conclusão
O COE pode ser uma forma de diversificar sua carteira, permitindo exposição a ativos que nem sempre estão facilmente acessíveis. No entanto, é essencial entender que ele funciona como uma aposta específica e pode trazer custos significativos, além de não contar com a proteção do FGC. Bancos e assessores financeiros tendem a gostar de COEs porque são formas baratas de captar recursos e geram comissões de distribuição, mas o investidor deve sempre avaliar se o produto está alinhado com sua estratégia e perfil de risco.